segunda-feira, julho 16, 2007

O QUE MUDA NA LINGUA PORUGUESA

Escrito por Miranda Neto
Friday, 20 April 2007
É bom saber o que muda. Alfabeto passa a ter 26 letras



Está para entrar em vigor a unificação da Língua Portuguesa que prevê,
entre outras coisas, um alfabeto de 26 letras.

"A frequência com que eles leem no voo é heroica!". Ao que tudo indica,
a frase inicial desse texto possui pelo menos quatro erros de
ortografia. Mas até o final do ano, quando deve entrar em vigor o
"Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela estará corretíssima. Os
países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única
forma de escrever.

As mudanças só vão acontecer porque três dos oito membros da Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais
do documento proposto em 1990. Brasil e Cabo Verde já haviam assinado o
acordo e esperavam a terceira adesão, que veio no final do ano passado,
em novembro, por São Tomé e Príncipe.

Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, inicia-se o período de
transição no qual ministérios da educação, associações e academias de
letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas
regras ortográficas e possam, gradativamente, reimprimir livros,
dicionários, etc.

O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o
espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do
idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no
entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados
para estrangeiros.

Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do
vocabulário de Portugal seja modificado.

No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita
alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as
pronúncias típicas de cada país.

O que muda:

As novas normas ortográficas farão com que os portugueses, por exemplo,
deixem de escrever "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da
língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é
pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo",
"óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças
que, a priori, parecem estranhas. As paroxítonas terminadas em "o"
duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de
"abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiro terão que escrever "abençoo",
"enjoo" e "voo".

Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do
plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer",
"dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia
"creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça",
"sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça,
seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do
"k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar
"pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer
diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural
do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como
"louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos",
além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de
palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".

Antônio Houaiss

A escrita padronizada para todos os usuários do português foi um
estandarte de Antônio Houaiss, um dos grandes homens de letras do Brasil
contemporâneo, falecido em março de 1999. O filólogo considerava
importante que todos os países lusófonos tivessem uma mesma ortografia.
No seu livro "Sugestões para
uma política da língua", Antônio Houaiss defendia a essência de
embasamentos comuns na variedade do português falado no Brasil e em
Portugal.

Fontes para comentar o assunto:

William Roberto Cereja - Mestre em Teoria Literária pela USP, Doutor em
Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), Professor graduado em Português e
Lingüística e licenciado em Português pela Universidade de São Paulo
(USP), Professor da rede particular de ensino em São Paulo e Autor de
obras didáticas.

Marcia Paganini Cavéquia - Professora graduada em Português e
Literaturas de Língua Portuguesa; Inglês e Literaturas de Língua Inglesa
pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pós-graduada em
Metodologia da Ação Docente pela UEL, Palestrante e consultora de
escolas particulares e secretarias de
educação de diversos municípios e Autora de livros didáticos.

Cassia Garcia de Souza - Professora graduada em Português e Literaturas
de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),
Pós-graduada em Língua Portuguesa pela UEL, Palestrante e organizadora
de cursos para professores da rede de ensino, Assessora pedagógica e
Autora de livros didáticos.
É isso ai.

Nenhum comentário: